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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

GRANDES USINAS AVANÇAM NA REGIÃO NORTE

Grandes usinas avançam na região Norte








Cálculo de especialistas joga valor do preço-teto em Belo Monte próximo a R$ 100 por MWh







Os números que cercam a usina hidrelétrica de Belo Monte são gigantescos. Para erguer o empreendimento, será preciso utilizar pouco mais de 3,5 milhões de metros cúbicos de concreto, quantidade suficiente para construir 25 estádios do Maracanã. Ainda será necessário fazer 40 quilômetros de escavações, volume semelhante ao visto na construção do canal do Panamá.



Com um custo orçado pelo governo em cerca de R$ 20 bilhões, a usina é um dos maiores projetos de infraestrutura a serem licitados neste ano no mundo. Não é para menos: a ser construído no rio Xingu, com capacidade de 11 mil MW e geração firme de 4.400 MW médios com suas máquinas operando a partir de 2015, o empreendimento será o terceiro maior projeto em operação, perdendo apenas para as usinas hidrelétricas de Três Gargantas, na China, e de Itaipu, na fronteira entre Paraguai e Brasil.



No início de fevereiro, quando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) liberou a licença prévia do projeto, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão estatal que planeja o setor elétrico, entregou ao Tribunal de Contas da União (TCU) os documentos econômicos que embasavam o leilão. O relatório indicava que o preço-teto para a energia da usina no leilão ficaria em R$ 68 por megawatt-hora (MWh), com um custo da obra estimado em R$ 16,7 bilhões.



O TCU aprovou as contas. Um mês depois, na primeira semana de março, a EPE enviou novo estudo econômico, no qual fixava um preço-teto 22% superior ao anterior, de R$ 83 o MWh, e um custo de cerca de R$ 20 bilhões.



Os novos valores refletem novos custos atribuídos à obra após liberação da licença prévia ambiental, como o plano de desenvolvimento da região do rio Xingu e novas estimativas dos empreendedores, que subestimaram o valor dos canteiros de obras. A expectativa do governo é de que o TCU analise o novo relatório e, aprovado o documento, seja feita a licitação. Ainda não há uma data fechada e nem estimativa de quando o TCU irá finalizar sua posição. "Não quero dar datas. O leilão não deverá ser no dia 12 de abril, como previsto anteriormente, mas a intenção é de fazê-lo no fim de abril ou início de maio", afirma Maurício Tolmasquim, presidente da EPE.



Apesar dos novos valores, empresários ainda acreditam que os cálculos estão subestimados, principalmente em relação aos projetos socioambientais. Potenciais empreendedores avaliam que o custo de construção da obra poderá chegar a R$ 30 bilhões, o que faria com que o preço-teto da energia chegasse próximo dos R$ 100 o MWh. Uma das alegações é de que apenas cerca de 40% do potencial de mais de 11 mil megawatts de Belo Monte será de energia assegurada o ano todo, o que encarece a obra. Outra crítica são os custos logísticos, já que seria necessário construir quase 400 quilômetros de estradas de terra para interligar os diversos pontos de trabalho, desenvolvendo uma estrutura que permita o constante fornecimento de aço, cimento para a região.



"Vejo como normal os ofertantes pressionarem para elevação do preço-teto, mas não existem mais motivos para essa alta", afirma Tolmasquim. Pelos critérios do leilão, obterá o direito de construir e operar a usina o consórcio que se dispuser a vender a energia pelo menor preço, abaixo do valor teto previamente estipulado. Analistas de mercado estimam que o deságio no leilão não deverá ser alto, com a energia sendo vendida em um valor próximo ao do valor teto de R$ 83 o MWh.



Maior obra listada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a usina hidrelétrica de Belo Monte confirma o importante potencial de aproveitamento hidrelétrico da região Norte, que reúne rios que poderão abrigar usinas que poderão gerar mais de 20 mil MW médios nos próximos anos. "A energia de Belo Monte é fundamental para a economia paraense e do Brasil", diz o secretário de Integração Regional do Estado do Pará, André Farias, que tem trabalhado na elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável para a região com a instalação da usina. O plano está em fase final de elaboração e busca evitar que a migração de pessoas para trabalhar na obra se converta em um problema para as cidades e que os investimentos gerados com o projeto possam se traduzir em melhoria de vida para a população local.



No caso das duas usinas hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia, o ritmo está avançado. O consórcio Santo Antônio Energia - composto por Odebrecht, Furnas, Andrade Gutierrez, Cemig, Banif, Santander e FI-FGTS - iniciou em março a concretagem dos 16 pilares que compõem a estrutura do vertedouro principal da usina hidrelétrica Santo Antônio. Com investimento de R$ 13,5 bilhões e potência instalada de 3.150,4 MW, o empreendimento deverá começar a gerar energia, gradualmente, a partir de 2012.



Em janeiro, foi finalizada a construção do canal experimental do sistema de transposição de peixes, que será implantado no Madeira pelas usinas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, ambas em Porto Velho. O modelo, inédito no país, foi construído na altura da cachoeira de Teotônio, para estudar o comportamento das espécies migradoras na superação das barragens das duas usinas.



Em dezembro de 2007, foi realizado o leilão da usina de Santo Antônio, vencido pelo consórcio liderado pelo Grupo Odebrecht e pela estatal Furnas. O preço ofertado foi de R$ 78,90 por MWh, com deságio de 35% sobre o preço teto de R$ 122 por MWh estabelecido.



Avanços também são registrados na outra obra. O consórcio Energia Sustentável - formado pela GDF Suez (50,1%), Eletrosul (20%), Chesf (20%) e Camargo Corrêa (9,9%) - é responsável pela construção, manutenção, operação e venda da energia a ser gerada pela usina de Jirau, que terá capacidade instalada de 3.450 Megawatts e energia assegurada superior a 2 mil MW médios.



Em dezembro, a equipe do consórcio Energia Sustentável realizou a primeira concretagem da usina de Jirau, o que faz com que o vertedouro (estrutura responsável pelo escoamento da água nos períodos de cheia no rio) comece a tomar forma. A usina deverá começar a gerar energia, gradualmente, a partir de 2012.



Em maio de 2008, o consórcio Energia Sustentável do Brasil venceu o leilão da hidrelétrica de Jirau, ofertando tarifa de R$ 71,40 por MWh, com deságio de 21,6% sobre a tarifa máxima fixada no edital, que foi de R$ 91 o megawatt/hora (MWh), e 25% inferior ao teto estabelecido para Santo Antonio. Pelas regras do edital, pelo menos 70% da energia deveria ser vendida para o mercado cativo (distribuidoras) e 30% para consumidores livres.

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