Por: Antonio Carlos Lacerda

Foto: A desigualdade social é o resultado do massacre brutal do contra ao próprio homem. (ACL)Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente Internacional, Zwela Angola
Apesar dos progressos sociais registrados no início da década passada, o Brasil continua entre os países mais desiguais do mundo, segundo atesta um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que aponta o Haiti e a Bolívia como os dois únicos países da América Latina que figuram com piores cálculos.
O Pnud mostra que o Brasil é o 3º no ranking da desigualdade no mundo. O índice de Gini - medição do grau de desigualdade a partir da renda per capita - para o Brasil ficou em torno de 0,56 por volta de 2006 - quanto mais próximo de um, maior a desigualdade.
Isso, apesar de o Brasil ter elevado consideravelmente o seu índice de desenvolvimento humano - de 0,71 em 1990 para 0,81 em 2007 - e ter entrado no grupo dos países com alto índice neste quesito.
O cálculo do indicador de desigualdade varia de acordo com o autor, as fontes e a base de dados utilizados, mas em geral, na América Latina, o Brasil só fica em melhor posição do que o Haiti e a Bolívia. Segundo o PNUD, a América Latina é o continente mais desigual do planeta, sendo o Brasil o terceiro país no ranking universal da desigualdade.
Mas os dados levam em conta apenas 126 dos 195 países membros da ONU, e em alguns casos, especialmente na África Subsaariana, a comparação é prejudicada por uma defasagem de quase 20 anos de diferença.
Na seleção de países mencionada no relatório do Pnud, os piores indicadores pela medição de Gini são Bolívia, Camarões e Madagascar (0,6) e Haiti, África do Sul e Tailândia (0,59). O Equador aparece empatado com o Brasil com um indicador de 0,56. Colômbia, Jamaica, Paraguai e Honduras se alternam na mesma faixa do Brasil, segundo as diferentes medições.
O relatório foca no problema da desigualdade na América Latina, o continente mais desigual do mundo, segundo o Pnud. Dos 15 países onde a diferença entre ricos e pobres é maior, dez são latino-americanos.
Em média, os índices Gini para a região são 18% mais altos que os da África Subsaariana, 36% mais altos que os dos países do leste asiático e 65% mais altos que os dos países ricos.
O documento traça uma relação entre a desigualdade e baixa mobilidade social, caracterizada pelo círculo de aprisionamento social definido pela situação familiar de cada indivíduo.
No Brasil e no Peru, por exemplo, o nível de renda dos países influencia a faixa de renda dos filhos em 58% e 60%, respectivamente. No Chile, esse nível de pré-determinação é mais baixo, 52%, semelhante ao da Inglaterra,50%.
Foto: A desigualdade social é o resultado do massacre brutal do contra ao próprio homem. (Arquivos)Já nos países nórdicos, assim como no Canadá, a influência da situação familiar sobre os indivíduos é de 19%. Alemanha, França e Estados Unidos (32%, 41% e 47%, respectivamente) se incluem a meio do caminho.
No campo educacional, os níveis de educação dos pais influenciam o dos filhos em 55% no Brasil e 53% na Argentina. No Paraguai essa correlação é de 37%, no Uruguai e Panamá 41%.
A influência da educação dos países no sucesso educacional dos filhos é pelo menos duas vezes maior na América Latina que nos EUA, onde a correlação é 21%.
"Estudos realizados em países com altos níveis de renda mostram que a mobilidade educacional e o acesso à educação superior foram os elementos mais importantes na determinação da mobilidade socioeconômica entre gerações", afirma o relatório.
Para o Pnud, a saída para resolver o problema da desigualdade na América Latina passa por melhorar o acesso das populações aos serviços básicos, inclusive o acesso à educação superior de qualidade.
O relatório diz que programas sociais como o Bolsa Família, Bolsa Escola e iniciativas semelhantes na Colômbia, Equador, Honduras, México e Nicarágua representaram "um importante esforço para melhorar a incidência do gasto social" na América Latina, sem que isso tenha significado uma deterioração fiscal das contas públicas.
No que diz respeito à distribuição de renda, as políticas orientadas para o combate à pobreza e à proteção da população vulnerável promoveram, na prática, uma incidência mais progressiva do gasto social, que por sua vez resultou em uma melhor distribuição da renda.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
ANTONIO CARLOS LACERDA é jornalista correspondente internacional da Imprensa Estrangeira no Brasil. Autor do Coluna, "O Mundo sem Fronteiras" no Zwela Angola
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