Um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afirma que a manutenção da vazão mínima de 145.000 litros por segundo na Estação Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ), onde a água do Paraíba do Sul é desviada para abastecer o Rio de Janeiro, vai provocar o esgotamento do volume morto do sistema antes do fim de agosto, se a seca na região for igual a de 2014. O órgão, responsável por controlar reservatórios que servem para a geração de energia no país, defende a redução da vazão para 110.000 l/s.
Há quatro dias, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse que uma eventual redução para 110.000 litros por segundo, que já foi cogitada pela Agência Nacional de Águas (ANA), que regula os mananciais federais, representava “risco para o abastecimento” do Estado. Em Barra do Piraí é feita a transposição de dois terços das águas do Rio Paraíba para o Rio Guandu, que abastece cerca de 9 milhões de pessoas na região metropolitana do Rio.
Na segunda-feira, a ANA decidiu prorrogar até dia 28 a vazão mínima de 140.000 litros por segundo na Estação de Santa Cecília. Mesmo assim, a vazão poderá ser alterada em reunião no ONS com a ANA, autoridades fluminenses e comitê de bacia. “Vamos fazer uma avaliação com simulações e dados levantados nos últimos dias. A princípio, deverá ser proposta uma pequena redução da vazão para preservar os estoques. Estamos hoje 25% abaixo do pior cenário já registrado, em janeiro de 1953″, disse o diretor executivo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Guandu, Julio Cesar Oliveira Antunes.
Em seu relatório, o ONS destacou que a vazão natural média afluente à Santa Cecília em janeiro correspondeu a apenas 25% da média histórica, em 82 anos de registros. A severa estiagem fez o volume útil da Represa Paraibuna, a maior do sistema, se esgotar no dia 21 do mês passado, e da Represa Santa Branca, no dia 25, sendo necessário captar água do volume morto. Na terça-feira esses dois reservatórios operavam com – 0,5% e – 3,1% da capacidade normal, respectivamente.
O Operador fez três diferentes simulações, conforme cenários de vazões afluentes iguais ou piores que a do ano passado. Se a seca mantiver o ritmo de janeiro, afirma, seria preciso reduzir a vazão em Santa Cecília para 80.000 litros por segundo para não esgotar o volume morto dos três reservatórios.
A necessidade de reduzir a vazão para preservar estoques foi apontada por técnicos em reunião com Pezão e a presidente Dilma Rousseff na quarta-feira da semana passada, disse o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa. A ANA, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, informou que vem reduzindo as vazões em Santa Cecília “de forma periódica e paulatina desde maio de 2014, por causa do atual período hidrológico, caracterizado por vazões abaixo da média histórica, considerando a série de registros desde 1930″. A última redução foi autorizada em dezembro e valia até 31 de janeiro: de 160.000 litros para 140.000 litros por segundo. Antes da crise, era de 190 mil litros por segundo.
Na semana passada, o coordenador do Instituto de Mudanças Globais da Coppe/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcos Freitas, afirmou que, se não chover o suficiente para encher parte dos reservatórios e for mantida a vazão de 140.000 litros por segundo, os 3 trilhões de litros acumulados nas reservas das quatro represas só durariam até outubro.
DESSALINIZAÇÃO
Pezão reuniu-se na terça-feira com o secretário do Ambiente e o presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), Jorge Briard, para discutir alternativas, como projetos de dessalinização da água do mar.
Foto: Antonio Leudo/ Prefeitura de Campos
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Reúso é a palavra de ordem para os governos dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro nesta crise hídrica. Ambos estudam formas de restringir a captação de águade mananciais pela indústria para priorizar o consumo humano.
Na quinta-feira, 29/01, o governo do Rio de Janeiro declarou que as indústrias de grande porte devem usar exclusivamente água de reúso da Cedae. Segundo reportagem do jornal O Globo*, a exigência foi feita ao Grupo Gerdau, da ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e da Fábrica Carioca de Catalisadores (FCC). Juntas, as duas captam até três metros cúbicos de água por segundo no Canal de São Francisco, na foz do Rio Guandu. A Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que absorve até dois metros cúbicos de água por segundo, também passará por mudanças.
O projeto prevê implantação de uma adutora com 14 quilômetros de extensão até a Estação de Tratamento do Rio Guandu. De lá será retirada a água usada em atividades industriais. O governo tem poder de cassar a licença de captação de água das indústrias que não concordarem com a exigência.
Já o governo de São Paulo estuda restringir a captação diretamente dos rios pelas indústrias e também priorizar o reúso. Mas, se no Rio as medidas já foram tomadas, em São Paulo o caminho ainda pode ser longo.
O governo paulista precisa rever as outorgas concedidas para as indústrias usufruírem da água de rios, fora do sistema da Sabesp.
Segundo reportagem do
Estado de S.Paulo*, de 02/02, reduzir a dependência da indústria pelos mananciais pode levar até dois anos. As outorgas são renovadas a cada cinco anos pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). Mas a emissão de novas outorgas para perfuração de poços rasos na região das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e do Alto Tietê estão suspensas desde maio de 2014.
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Os seis mananciais que abastecem a Grande São Paulo registraram, nesta segunda-feira (10/11), queda no nível de armazenamento, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O nível de água do Sistema Cantareira caiu para 11,3%, ante 11,4% registrados no domingo. No sábado, havia 11,5%. A porcentagem se refere à segunda cota do volume morto.
Segundo a Sabesp, a pluviometria do dia (ou seja, a taxa de chuva que caiu no local) é zero nesta segunda-feira. O Sistema Cantareira já está recebendo água do chamado volume morto, aquele que fica abaixo do nível das comportas das represas.
A situação não é melhor em outros sistemas de abastecimento hídrico da Grande São Paulo. No Alto Tietê, por exemplo, também houve queda de 0,1 ponto porcentual entre domingo e segunda-feira, quando o volume acumulado de água era de apenas 8,2%.
No Sistema Guarapiranga, o patamar de reserva de água baixou, entre um dia e outro, de 36,6% para 36,4%. Já o Alto Cotia teve redução de 30,4% para 30,3%. O Sistema Rio Grande caiu para 66,8%, de um nível de 67,1% no domingo, e o Rio Claro baixou de 39,2% para 38,5%.
Foto: Comunicação Prefeitura Municipal Três Marias/Fotos Públicas
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