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quarta-feira, 29 de abril de 2015

CULTURA E FOLCLORE DE MATO GROSSO.



Mato Grosso preserva manifestações culturais com influências variadas, que ganham expressão em danças, cantos e festivais folclóricos em diferentes localidades e regiões do estado.
As mais conhecidas são o Siriri – dança acompanhada por cantoria, com influências indígena e africanas – e o Cururu – espécie de desafio de rimas, com origem em manifestações religiosas populares. Ambas têm como principal instrumento a viola de cocho. O Cururu é tocado apenas por homens, que fazem versos e toadas para as mulheres. Os maiores festivais de Siriri e Cururu ocorrem em Cuiabá e região.Veja o video abaixo da dança do Cururu e Siriri realizado em Poconé.

A viola de cocho (figura ao lado) é um instrumento musical rudimentar típico da Bacia do Alto Paraguai, produzida por mestres artesãos, violeiros e cururueiros. Praticamente desconhecida no Brasil, a viola de cocho já muito aplaudida mundo afora.A viola de cocho, só é encontrada no pantanal do Mato Grosso, recebe este nome porque é confeccionada em um tronco de madeira inteiriço, esculpido no formato de uma viola. Com forma e sonoridade singulares, a viola-de-cocho possui sempre cinco ordens de cordas, denominada prima, contra, corda do meio, canotio e resposta.
Por mais de 200 anos teve um papel importantíssimo no cotidiano popular, tanto no entretenimento como louvação. Ficou praticamente esquecida em sua região típica por muito anos até ser redescoberta por músicos de renome internacional como Braz da Viola e Roberto Corrêa.

Desde 2005, o Modo de Fazer Viola-de-Cocho tornou-se patrimônio cultural imaterial brasileiro, por sua importância em salvaguardar a cultura tradicional brasileira.

Outra manifestação cultural é o Boi à Serra, (figura ao lado) alegoria sobre a valentia dos bois, ainda pode ser visto de forma autêntica em algumas comunidades de Santo Antônio de Leverger e Cuiabá. Com modificações, tem sido apresentado junto com o Siriri e o Cururu.
Em Poconé, há duas manifestações bem típicas: a Cavalhada – encenação das batalhas entre cristãos e mouros durante as Cruzadas (veja o video dos preparativos para a Cavalhada em Poconé) que também ocorre em outras regiões brasileiras e a Dança dos Mascarados ( Veja o Video abaixo), que acontece apenas na cidade. Faz parte das comemorações de São Benedito – padroeiro dos negros-, em junho.

A Cavalhada

A Dança dos Mascarados

Cavalhada de Poconé é uma festividade de origem portuguesa a Cavalhada chegou a Mato Grosso em 1769, em comemoração à chegada de Luiz Pinto de Souza Coutinho, capitão general e terceiro governador da capital de Mato Grosso, fixando-se no município pantaneiro de Poconé. A manifestação se ausentou do cenário cultural mato-grossense por 35 anos (de 56 a 90), mas retornou em 1991 com muito pique. E dessa forma, a Cavalhada, palco de torneios medievais acirrados em arenas européias, ganhou destaque na tradição e cultura mato-grossense.
A manifestação é comumente associada a famosos episódios da história e da literatura universal, como a Guerra de Tróia e As Cruzadas. Cavalos e cavaleiros ricamente ornamentados competem ao som do repique de uma “caixa”. A Cavalhada acontece todos os anos durante a Festa de São Benedito, em junho e além do embate entre os exércitos Mouros e Cristãos, a Cavalhada tem ainda o Baile dos Cavaleiros, a Festa da Iluminação (com espetáculo pirotécnico), a Dança dos Mascarados, siriri e cururu e é encerrada com um grande show popular. Cavaleiros e pajens com vestimentas e adereços riquíssimos posicionam-se nos seus cavalos que, com singular adorno, enfeitam-se de plumas, fitas e guizos. Em seguida adentram na arena travando lutas ao som do repique da "caixa", um peculiar instrumento de percussão, compassado ao trote dos cavalos e ao tilintar dos guizos.Cada exercito e composto por 12 cavalheiros e seus respectivos pajens. A festa começa a entrada do exército Mouro com vermelho, e do exército Cristão cor azul, depois com a entrada da rainha, e dos mantenedores ( pessoas que mandam no exército), em seguida do embaixador, depois as bandeiras do Divino Espírito Santo e de São Benedito, depois a rainha moura é roubada pelo exército Cristão e o castelo é incendiado. Logo após o castelo ser queimado, inicia-se então as competições entre elas cabeça do judas, prova do limão, cabeça da rainha,entre outros. que ao final o exercito mouro coloca bandeiras brancas na arena no qual declara a paz entre os dois exércitos.
Histórico de representantes da Rainha Moura.
A Rainha moura, disputada pelos exércitos, e escolhida pelo Capitão de Mastro. Na reunião de escolha, atualmente, o cargo de Capitão é o mais disputado, justamente porque os pais (ou parentes) querem colocar suas filhas (sobrinhas, netas...) para fazer parte da Historia das Cavalhadas de Poconé. (A partir de 2004) 2004 - Mariella Prado 2005 - Aline França 2006 - Tereza Raquel Costa Marques 2007 - Camila Volpato 2008 - Rafaela Silva 2009 - Rafaella Rondon 2010 - Alice França
Referências
Lucyomar França Neto da Silva

A Dança dos Mascarados de Poconé, muito parecida nas festas de São Benedito e Espírito Santo , no dia da iluminação. Não de sabe de onde veio, quem a introduziu aqui, é uma dança que sem dúvidas vem dos costumes dos índios, enriquecidas pelos colonizadores espanhóis que aqui chegaram. Os participantes são somente homens mascarados, usando chapéus com plumas, espelhos e outros enfeites, desempenhando função de damas e de galã. Cada participante prepara sua roupa, o galã manda fazer roupas coloridas e bem enfeitados.
Desde 1915 o primeiro marcante senhor Daniel Martins leão , fez que esta dança fosse fortemente passada de pai para filho. Hoje ele tem uma grande influência de parentesco neste grupo folclórico de Poconé.
São composto de doze pares e três balizas (três galã na frente do grupo de mascarado carregando o Mastro).
Para que esta dança se realize, é necessário a presença animadora da Banda Municipal fazer o acompanhamento musical, que também anima todas as festas tradicionais, religiosa e cívica desta cidade.

Outra cidade que conserva manifestações autênticas é a Vila Bela da Santíssima Trindade onde a maioria da população tem ascendência africana. Ali ocorre a Festança, que concentra todas as celebrações agrícolas e religiosas, em julho, quando é decretado feriado municipal durante uma semana. Os destaques dessa festa são a Procissão de São Benedito e as danças de Congo (Congada) e do Chorado, trazidas pelos escravos africanos há mais de um século.

Dança do Congo resistência, tradição, demonstração de fé e religiosidade, demonstrando a força de um povo que luta para preservar sua história. Reis e embaixadores travam uma luta dramatizada em que dois reinados africanos disputam o poder. Em Mato Grosso, a dança surgiu com a vinda de escravos para a primeira Capital, Vila Bela. A dança manifesta ainda a resistência dos negros que ficaram no município mesmo com a transferência da Capital para Cuiabá.
Na dança, os homens tocam os instrumentos e as mulheres representam as rainhas, que trajam vestidos longos, nas cores azul ou branco com enfeites, e levam à frente o estandarte com os santos de louvor: São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Os personagens do reinado do Congo são o Rei, o Príncipe e o Secretário de Guerra; do reino adversário aparecem o Embaixador e soldados. A nobreza usa mantos, coroas e bastões coloridos e ornamentados com flores como instrumentos. Em Vila Bela, os dançarinos se caracterizam com as flores na indumentária que servem para reverenciar São Benedito. As roupas são multicoloridas, porém predominam as cores vermelho e azul.

A Dança do Chorado, ainda hoje preservada e cultuada pelos vila-belenses, originalmente foi o instrumento encontrado pelas negras escravas para persuadir os senhores a amenizarem os castigos dados a seus familiares. Um dos principais elementos do Chorado é a garrafa de kanjinjin equilibrada na cabeça pelas dançarinas. Segundo as dançarinas do Chorado, o elemento foi incorporado à dança recentemente, na década de 80 para 90.

Dança do Congo

Dança do Chorado


As 38 etnias indígenas que vivem nos 58 territórios demarcados no estado preservam seus rituais – o mais conhecido é o Quarup, celebrado pelos povos do Parque Indígena do Xingu.

Kuarup, ritual indígena do Xingu
Kuarup é um ritual dos grupos indígenas do Parque do Xingu para homenagear os mortos. Os troncos feitos da madeira. kuarup? são a representação concreta do espírito dos mortos ilustres.
A festa corresponderia a cerimônia de finados do homem branco, entretanto, o Kuarup é uma festa alegre, afirmadora, exuberante, onde cada um coloca a sua melhor vestimenta na pele. Na visão dos índios, os mortos não querem ver os vivos tristes ou feios.
Descrição do Kuarup da tribo Kuikuro. Região do Rio Kuluene
Uma cerimônia de mais profundo sentimento humano realizam os Kuikuro no mês de maio de cada ano e sempre em uma noite de lua cheia. Num cenário fantástico, os índios desta tribo, convidam as tribos amigas para evocarem juntas, as almas dos mortos ilustres.
Ainda noite, trazem da floresta vários toros de madeira, conforme o número dos que desapareceram, que vão ficando em linha reta no centro do terreiro em frente às malocas onde são recortados na forma humana de cada um e pintam neles as respectivas insígnias que em vida os fazia distinguir pajés, guerreiros, caçadores ou até mesmo aqueles que maior descendentes legaram à comunidade. Enquanto são executados estes trabalhos, alguns homens com arco e flechas entoam hinos aos mortos.
Preparação do tronco - kuarup
Tudo pronto, aos gritos de há-ha, vão os homens às malocas e de lá voltam acompanhados das mulheres e crianças. As mulheres, de cabelos soltos, trazendo algumas frutas e guloseimas, em largas folhas de palmeira, outras, ricos cocares, plumagem de coloridos vivos, braceletes e colares, aproximam-se em passos harmoniosos dos kuarupes e em voz baixa como um sussurro, travam com eles um pequeno diálogo em que parecem exprimir toda a gratidão, falando-lhes das saudades que deixaram, oferecendo-lhes ao mesmo tempo os frutos e guloseimas, e enfeitando-os com os ricos cocares, as plumas, os braceletes.
Quando a noite chega, os homens trazem da floresta archotes de palha incendiados, cuja luz violenta faz luzir os corpos untados de urucum em reflexos metálicos que desenham toda a beleza dos seus músculos.
Dança do Fogo
Primeiro em passos cadenciados depois em um crescendo cada vez maior, ao ritmo do chocalhar dos maracás e das canções místicas, até se fazer ouvir a voz do pajé, numa evocação a Tupã, implorando fazer voltar à vida aqueles mortos ilustres. Neste exato momento a lua cheia se encontra em seu máximo esplendor.
Terminando a evocação os homens se dispersam pelo terreno em pequenos grupos, enquanto só o pajé continua a entoar as suas loas até o alvorecer.
De novo voltam as mulheres para ouvirem os cânticos que lhes anunciam ter o sol feito voltar à vida os mortos ilustres.
Então começa a dança da vida e é executada pelos atletas da tribo, cada um trazendo ao ombro uma longa vara verdejante, símbolo dos últimos nascidos na comunidade.
Os atletas formam um grande círculo correndo em volta dos kuarupes ao mesmo tempo que em gestos e curvaturas os reverenciam. Depois o grande círculo se divide em dois e logo cada qual se dissolve em vários grupos representando a sua respectiva tribo.
huca-huca
É um momento de intenso silêncio, homenagem a estes últimos nascidos. Finda a homenagem, as diversas tribos executam uma luta que denominam Uka-uka, uma espécie de luta romana. Encerram a cerimônia em que os Kuarupes são, em festiva procissão, levados para o rio, e lá, entregues às suas águas.
Veja uma reportagem sobre o Kuarup


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