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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PENSAR COM INTELIGÊNCIA SOBRE AS ALTERÇÕES CLIMÁTICAS

Pensar com mais inteligência sobre as alterações climáticas


23 Setembro2010


Bjorn Lomborg - © Project Syndicate, 2008 www.project-syndicate.org

ARTIGOS DESTE AUTOR

OpiniãoPensar com mais inteligência sobre as alterações climáticas OpiniãoQuem tem medo das alterações climáticas? OpiniãoEnergia verde acessível VER MAISOs políticos e os comentadores estão compreensivelmente pessimistas com a possibilidade da Cimeira do México, no final deste ano, alcançar um acordo internacional para reduzir as emissões de carbono.

Nada foi feito desde o fracasso da Cimeira de Copenhaga, no final do ano passado. Felizmente, pesquisas recentes apontam para uma forma mais inteligente de combater as alterações climáticas.
Já não existe nenhum desentendimento importante sobre a realidade do aquecimento global. As questões cruciais têm a ver com os aspectos económicos da nossa resposta. Mas este debate pode ser igualmente acalorado. Desde que eu publiquei o livro "The Skeptical Environmentalist" [O Ambientalista Céptico], em 2001, reconheci sempre que o aquecimento global provocado pela actividade humana é real. Ainda assim, os activistas rotularam-me repetidas vezes de "céptico das alterações climáticas". Não porque eu tenha alguma vez sugerido que a ciência que estuda o aquecimento global está errada. Essa acusação reflecte a raiva e a frustração pela minha insistência em dizer que as drásticas reduções de emissões não fazem sentido.
O Copenhagen Consensus Center - um "think tank" onde sou director - pediu recentemente a um largo grupo de economistas do clima para estudarem os custos e os benefícios de diferentes respostas ao aquecimento global. Ao mesmo tempo, convocámos um segundo grupo de economistas, que incluía três prémios Nobel, para analisar todos os estudos e classificá-los por ordem de vantagens. A Cambridge University Press vai publicar a sua pesquisa e conclusões este mês, com o título "Smart Solutions to Climate Change" [Soluções Inteligentes para as Alterações Climáticas].
O livro inclui um capítulo do conhecido economista ambiental Richard Tol, que tem sido autor principal e colaborador do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Neste capítulo, Tol demonstra por que é que as grandes promessas de reduções drásticas e imediatas de emissões são uma estratégia errada.

Tol concluiu que tentar impedir que a temperatura do planeta não suba mais do que 2ºC, tal como os países industrializados do G8 prometeram fazer, obrigaria a uma redução de emissões de 80% até meio do século. Com base em estimativas convencionais, isto evitaria danos climáticos de cerca de 1,1 biliões de dólares ao longo do século. No entanto, iria também reduzir o crescimento económico em cerca de 40 biliões de dólares por ano. Por outras palavras, estaríamos efectivamente a gastar 40 biliões de dólares todos os anos até ao final do século para alcançarmos um bem total de apenas 1 bilião de dólares.
De facto, esta estimativa é muito optimista. Este cálculo assume que, nos próximos 100 anos, os políticos de todo o mundo vão aplicar as leis mais eficientes e eficazes possíveis para reduzir as emissões de carbono. Se retirarmos esta hipótese improvável, os custos podem aumentar 10 ou 100 vezes.
Por outras palavras: reduções drásticas de emissões de carbono provavelmente causarão mais danos à nossa qualidade de vida do que as alterações climáticas (em especial nos países em desenvolvimento).

A razão é simples. Apesar de todos os argumentos optimistas sobre as fontes de energias renováveis, como a energia eólica, solar, geotérmica e outras, não há nenhuma alternativa que esteja remotamente preparada para assumir a carga energética a que dão resposta actualmente os combustíveis fósseis. É por este motivo que há muito tempo apelo aos decisores políticos para aumentarem significativamente a quantidade de dinheiro que investem em pesquisa e desenvolvimento de fontes de energia verdes. Agora há uma pesquisa que mostra exactamente como devemos colocar esta abordagem em prática.
Em "Smart Solutions to Climate Change", Chris Green, da McGill University, e Isabel Galiana analisam as actuais taxas de progresso e concluem que em 2050 as fontes de energia alternativas vão produzir menos de metade da energia necessária para conseguir estabilizar as emissões de carbono. Em 2100, a diferença será ainda maior. O desafio é enorme.
Galiana e Green chegaram à conclusão de que destinar apenas 0,2% do PIB global - aproximadamente 100 mil milhões de dólares por ano - à pesquisa e desenvolvimento de energias verdes produziria a viragem necessária para dar energia a um futuro sem emissões de carbono. Essa solução não só seria muito mais barata do que tentar cortar as emissões, mas também reduziria o aquecimento global muito mais rapidamente. E, ao contrário das reduções de emissões, é uma solução que os países em desenvolvimento estariam dispostos a adoptar.

Mesmo com um maior esforço de pesquisa e desenvolvimento, as energias verdes não ficariam acessíveis da noite para o dia. Para garantir que temos tempo suficiente para realizar a pesquisa e desenvolvimento necessários, devíamos aumentar o nosso compromisso com a pesquisa de tecnologia de engenharia climática. Em "Smart Solutions to Climate Change", Eric Bickel e Lee Lane, da University of Texas, oferecem interessantes evidências de que um pequeno investimento em engenharia climática poderia resultar em maiores e mais rápidas reduções do aquecimento global do que programas mais caros de redução de emissões.

A publicação de "Smart Solutions to Climate Change" tem gerado um grande interesse, mesmo por parte dos activistas que acreditam que o meu apoio entusiástico às suas propostas representa uma mudança do meu pensamento. De facto, eu defendo os gastos em pesquisa e desenvolvimento há muitos anos. O que é novo - e excitante - é que com a publicação deste estudo podemos finalmente começar uma discussão construtiva sobre como podemos realmente responder de forma inteligente a este desafio.



Bjørn Lomborg é autor dos livros "The Skeptical Environmentalist" e "Cool It", é director do Copenhagen Consensus Center e professor adjunto da Copenhagen Business School.


© Project Syndicate, 2010.

www.project-syndicate.org

Tradução: Ana Luísa Marques

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