Editorial
Tragédia mais que anunciada
Da Editoria
Não há mais adjetivos para exprimir o sentimento de revolta da população de muitos municípios de Mato Grosso que estão há mais de 60 dias sob intensa fumaça provocada por queimadas, a título de formação de pastagens ou para plantação de grãos. E é muito mais trágico ver que órgãos ambientais pouco podem fazer para minimizar o problema. E se não fazem ações é porque há algo que precisa ser esclarecido.
É estranho não ver alguma autoridade, principalmente quem comanda a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), vir a público assumir compromisso com a população em tentar reduzir os focos de queimada e por conseguinte minimizar seus efeitos maléficos. Ou então dizer que houve falha e não foi feito o dever de casa, que é o de combater atividades criminosas de quem queimou a floresta, o Cerrado ou o Pantanal para, de alguma forma, se beneficiar.
Algo de errado aconteceu. O ano em que mais houve queimadas em Mato Grosso foi em 2007. A Capital e muitos outros municípios ficaram encobertos por intensa fumaça. Fizeram à época promessas de que tal situação seria amenizada ou talvez eliminadas de nosso Estado. No ano seguinte houve redução dos focos de calor, conforme dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mas o número de desmatamento ainda era grande.
Em 2009, segundo o Inpe, foram registrados 27.480 focos de calor, de janeiro ao final de agosto. E neste ano, no mesmo espaço de tempo, observou-se cientificamente que Mato Grosso está em chamas.
O Inpe informa que de janeiro até a manhã de ontem havia 182.430 locais de concentração de fogo, o que chamam de focos de calor, o que na realidade é apenas uma questão de semântica, já que não há registro de grande imóvel com telhado de amianto, o que pode ser interpretado pelos satélites como concentração de calor.
O aumento estratosférico é uma espécie de tragédia anunciada. Isso porque houve uma certa desatenção com o meio ambiente e rigorosidade nas fiscalizações de órgãos ambientais. E o resultado todos nós estamos presenciando. Fumaça intensa em todos municípios mato-grossenses. Crianças e idosos lotando unidades de saúde.
E para piorar, Marcelândia voltou a pegar fogo e agora com mais intensidade na zona rural. Pode-se afirmar com absoluta franqueza que a maioria dos incêndios é provocada pelas mãos dos homens.
Se isso é um fato, onde está a fiscalização da Sema? Em campo não se nota sequer notificações a proprietários rurais suspeitos de iniciarem queimadas, que afetam não somente a saúde, mas o turismo, a qualidade de vida da população, entre outros fatores negativos.
Espera-se que autoridades deixem os gabinetes refrigerados ou suas casas bem montadas e se dirijam aos municípios com maiores incidências de queimadas e nos tragam notícias menos ruins.
Fonte: Gazeta Digital
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