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adoro pintar telas
domingo, 4 de outubro de 2015
DESIGUALDADES RACIAIS NO BRASIL: SÍNTESE DE INDICADORES E DESAFIOS NO CAMPO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS RACIAL.
Desigualdades raciais no Brasil:
síntese de indicadores e desafios
no campo das políticas públicas
Racial inequalities in Brazil: a synthesis of social
indicators and challenges for public policies
1 Centro de Estudos
Afro-Brasileiros, Instituto
de Humanidades,
Universidade Cândido
Mendes. Praça Pio X 7,
7o andar, Rio de Janeiro, RJ
20040-020, Brasil.
heringer@candidomendes.edu.br
Rosana Heringer 1
Abstract This article aims to systematize and analyze social data that reveal the dimension of
racial inequalities in Brazil. The point of departure is that racial inequalities affect the capacity
for integration of Blacks into Brazilian society and jeopardize the proposal to build a democratic
society with equal opportunities for all. Such inequalities are present at different moments in the
individual life cycle, beginning in childhood and continuing through school years, in access to
urban infrastructure, and crystallizing in the labor market, consequently determining the income
and living conditions of Afro-Brazilians as a whole. The article also analyzes the main positions
in the political debate on racial inequalities in Brazil, identifying recent initiatives by
both the Brazilian government and civil society to deal with racial discrimination and racial inequalities.
The article concludes by identifying key challenges for health policy-makers in this
context.
Key words Blacks; Racial Discrimination; Racial Inequality; Public Policy; Social Indicators
Resumo Este artigo pretende sistematizar e analisar indicadores que revelam a dimensão das
desigualdades raciais no Brasil. Parte-se do princípio de que as desigualdades raciais, ao afetarem
a capacidade de inserção dos negros na sociedade brasileira, comprometem o projeto de
construção de um país democrático e com oportunidades iguais para todos. Essas desigualdades
estão presentes em diferentes momentos do ciclo de vida do indivíduo, desde a infância, passando
pelo acesso à educação, à infra-estrutura urbana e cristalizando-se no mercado de trabalho e,
por conseqüência, no valor dos rendimentos obtidos e nas condições de vida como um todo. Também
serão apresentadas as principais vertentes do atual debate político sobre desigualdades raciais
no Brasil, identificando as iniciativas por parte do Estado brasileiro e da sociedade civil
destinadas a enfrentar a discriminação e as desigualdades raciais. Finalmente, pretende-se apontar
alguns desafios colocados para os formuladores de políticas de saúde a partir deste quadro.
Palavras-chave Negros; Discriminação Racial; Desigualdade Social; Política Social; Indicadores
Sociais
58 HERINGER, R.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
Introdução
O Brasil encontra-se entre as maiores economias
do mundo e foi considerado, ao longo de
várias décadas, o país da “democracia racial”.
Entretanto, embora nunca tenha se consolidado
no país um regime de segregação racial legal
e formal, a realidade brasileira é outra. As
distinções e desigualdades raciais são contundentes,
facilmente visíveis e de graves conseqüências
para a população afro-brasileira e para
o país como um todo. A literatura é pródiga
em trabalhos que demonstram, ao longo de dé-
cadas, a presença e a persistência das desigualdades
raciais a da situação subalterna do negro
na sociedade brasileira (Fernandes, 1978; Guimarães,
1999, 2002; Hasenbalg & Silva, 1988,
1992, 1999).
Este artigo pretende sistematizar e analisar
indicadores que revelam a dimensão das desigualdades
raciais no Brasil. Também serão apresentadas
as principais vertentes do atual debate
político sobre desigualdades raciais no Brasil,
identificando as iniciativas por parte do Estado
brasileiro e da sociedade civil destinadas
a enfrentar a discriminação e as desigualdades
raciais. Finalmente, pretende-se apontar alguns
desafios colocados para os formuladores
de políticas de saúde a partir deste quadro,
bem como serão identificadas algumas lacunas
de conhecimento e necessidades de investiga-
ção neste campo de intervenção e avaliação de
políticas públicas.
As informações apresentadas praticamente
falam por si mesmas. As desigualdades são graves
e, ao afetarem a capacidade de inserção dos
negros na sociedade brasileira, comprometem
o projeto de construção de um país democrático
e com oportunidades iguais para todos. Apresentam-se
em diferentes momentos do ciclo de
vida do indivíduo, desde a saúde na infância,
passando pelo acesso à educação e cristalizando-se
no mercado de trabalho e, por conseqüência,
no valor dos rendimentos obtidos e
nas condições de vida como um todo. Está presente
na diferença entre brancos e negros em
termos de acesso à justiça. Esperamos que as
informações e análises aqui contidas sirvam de
subsídio para uma reflexão profunda sobre as
desigualdades raciais no Brasil, levando à sugestão
e à adoção de medidas que venham a
beneficiar, em curto prazo, a população negra
do Brasil.
Contextualização histórica
e distribuição da população por cor
O Brasil foi o último país do mundo a abolir o
trabalho escravo de pessoas de origem africana,
em 1888, após ter recebido, ao longo de
mais de três séculos, cerca de quatro milhões
de africanos como escravos (Heringer et al.,
1989; IBGE, 1987). Embora nenhuma forma de
segregação tenha sido imposta após a abolição,
os ex-escravos tornaram-se, de maneira geral,
marginalizados em relação ao sistema econô-
mico vigente. Além disso, o governo brasileiro
iniciou, na segunda metade do século XIX, o
estímulo à imigração européia, numa tentativa
explícita de “branquear” a população nacional.
Milhões de imigrantes europeus entraram no
país durante as últimas décadas do século XIX
e no início do século XX. Essa força de trabalho
foi contratada preferencialmente tanto na agricultura
como na indústria que estava sendo
implantada nas principais cidades.
Durante a década de 1930, quando o país
iniciava sua industrialização e, ao mesmo tempo,
seus intelectuais debatiam em torno da definição
de uma identidade nacional, havia uma
interpretação que ganhou força no meio intelectual
brasileiro, que assinalava “a idéia de
que o Brasil era uma sociedade sem ‘linha de
cor’, ou seja, uma sociedade sem barreiras legais
que impedissem a ascensão social de pessoas de
cor a cargos oficiais ou a posições de riqueza e
prestígio” (Guimarães, 2002:139), sintetizada
na concepção de uma democracia racial. A origem
precisa desta expressão não está totalmente
esclarecida. Como afirma Guimarães (2002:
139), “na literatura acadêmica especializada, o
uso primeiro parece caber a Charles Wagley: ‘O
Brasil é renomado mundialmente por sua democracia
racial’, escrevia Wagley, em 1952...”.
No lugar de nos envergonharmos de nossa
maioria negra e mestiça, devíamos nos orgulhar
e admirar isto como um sinal de nossa tolerância
e integração racial. Afinal, nós não
possuíamos uma segregação legal como nos
Estados Unidos e na África do Sul e éramos capazes
de conviver bem com todas as raças. Depois
da Segunda Guerra Mundial, a Organiza-
ção das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura (UNESCO) financiou um extenso
projeto de pesquisa sobre o Brasil. Segundo
Maio (1999:143-144), “a ‘opção Brasil’ guarda
íntima relação com o contexto internacional da
época. (...) A controvertida crença numa democracia
racial à brasileira, que teve no sociólogo
Gilberto Freyre a mais refinada interpretação,
tornou-se assim um dos principais alicerces
ideológicos da integração racial e do desenvol-
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
vimento do país e foi suficientemente substantiva
para atrair a atenção internacional”.
O Projeto Unesco constituiu-se num importante
marco do estudo sobre relações raciais
no Brasil e no processo de institucionalização
das Ciências Sociais de uma forma geral.
Alguns autores afirmam que o Projeto Unesco
frustrou suas expectativas iniciais ao ter identificado
o preconceito racial persistente no país,
que era com freqüência descrito como “paraíso
racial” (Skidmore, 1976; Winant, 1994). Maio
(1999), entretanto, afirma que embora houvesse
por parte da Unesco “uma imagem positiva
do país em matéria racial”, o projeto “desenvolveu-se
de forma mais complexa”, resultando
numa visão mais contrastante do cenário racial
brasileiro. Maio (1999:151) reproduz uma declaração
do principal idealizador do Projeto
Unesco, Alfred Métraux, na qual ele considera
o Brasil “um exemplo de país onde as relações
entre as raças são relativamente harmoniosas,
todavia registra que ‘seria uma exagero [...] afirmar
que o preconceito racial é ignorado”.
Durante os anos 60 e 70, a ditadura militar
suprimiu muitas formas de liberdade intelectual
e atividade política, dificultando a organização
dos movimentos sociais e, entre eles, do
movimento negro. Isto não impediu, porém,
que florescessem várias formas de resistência
cultural negra, principalmente nos grandes centros
urbanos. O Censo Nacional de 1970 não incluiu
o quesito sobre raça ou cor em seus formulários.
No fim dos anos 70, uma variedade
de movimentos sociais começou a se reorganizar,
buscando melhorar as condições sociais
do país (Hanchard, 2001). Entre eles, grupos referidos
genericamente como Movimento Negro
estavam decididos a combater a discriminação
racial no Brasil. O primeiro governo civil foi
eleito indiretamente em 1985. Os anos 80 foram
marcados por importantes avanços, em
termos de democratização política, culminando
com a promulgação de uma nova Constitui-
ção em 1988.
Neste período, estudiosos começaram, mais
uma vez, a examinar a “questão racial”, contribuindo
para a construção de uma rede composta
por intelectuais, ativistas e agências de
cooperação internacional que favoreceram a
inserção da questão racial na agenda pública
nacional (Bourdieu & Wacquant, 2002). Militantes
denunciaram as desigualdades raciais e
tentavam entender por que o mito da democracia
racial ainda estava vivo e era aceito de
maneira geral. Em um país com enormes desigualdades
sócio-econômicas, era difícil para os
negros compreender que suas condições de vida
precárias eram resultantes também da disDESIGUALDADES
RACIAIS NO BRASIL 59
criminação racial. Isto começou a mudar devido
à crescente visibilidade de um ativo Movimento
Negro, à presença de um pequeno grupo
de intelectuais negros e de artistas que freqüentemente
levantavam o assunto e, também,
à intenção governamental de fazer algo em relação
ao assunto, criando agências específicas
para cuidar da cultura negra, da situação dos
descendentes dos antigos escravos e da legisla-
ção anti-racista.
Critérios de classificação racial
O censo brasileiro pede às pessoas que se classifiquem
dentro de uma das cinco categorias
seguintes: branco, preto, pardo, indígena ou
amarelo (oriental). Pretos e pardos constituem
45% de toda população e 98.7% da população
não-branca (IBGE, 1996).
No Brasil, o conceito de raça encontra-se
mais relacionado à cor da pele e traços faciais
do que à ancestralidade. Isso levou alguns estudiosos
a analisar a classificação racial brasileira
não enquanto grupos raciais, mas sim
grupos de cor (Degler, 1991).
Outra característica da classificação brasileira
se relaciona ao nosso passado e ao mito
da democracia racial. Como Guimarães explica:
“a especificidade do racismo brasileiro, ou
do racismo latino-americano em geral, vem do
fato de que a nacionalidade brasileira não foi
formada, ou ‘imaginada’, para usar a metáfora
de Anderson, como uma comunidade de indiví-
duos etnicamente dissimilares, vindos de todas
as partes da Europa, como ocorreu nos EUA. O
Brasil é um amálgama de mestiços de diferentes
origens raciais e étnicas, cuja raça e etnicidade
foram perdidas, a fim de ganhar a nacionalidade
brasileira” (Guimarães, 1995:215).
Para propósitos estatísticos, considerandose
que a flexibilidade da classificação de cor no
Brasil torna difícil diferenciar ambos os grupos,
e também a proximidade em termos de indicadores
sócio-econômicos entre os dois grupos,
pesquisadores como Nelson do Valle Silva e
Carlos Hasenbalg, seguidos por vários outros,
consideram geralmente pretos e pardos juntos,
como uma única categoria. Assume-se que a
maioria dos pardos possui ascendência africana.
Neste texto, as palavras negros e afro-brasileiros
são usadas alternadamente, significando
aqueles que se classificam como pretos e pardos
nas pesquisas do IBGE.
A partir dos dados mais recentes disponí-
veis na Tabela 1, podemos observar que a população
brasileira compõe-se de 54% de brancos
e 45,3% de negros, segundo a auto-declara-
ção dos informantes. A distribuição regional
60 HERINGER, R.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
apresenta-se bastante diferenciada, com grande
concentração da população afro-brasileira
nas regiões Nordeste e Norte. O sul do país possui
população majoritariamente branca e a Região
Centro-Oeste apresenta uma distribuição
equilibrada entre brancos e negros, similar à
distribuição nacional.
Infra-estrutura urbana e habitação
É de conhecimento geral a estreita relação entre
as condições de saúde e o acesso à infra-estrutura
básica em termos de serviços públicos,
tais como saneamento, coleta de lixo e acesso à
eletricidade, entre outros. Os dados disponí-
veis na Tabela 2, para 1999, revelam que brancos
e negros no Brasil têm um acesso desigual
a estes serviços.
Outros indicadores de condições de vida e
acesso a serviços disponíveis para o ano de
1999, citados por Henriques (2001), revelam
mais aspectos da desigualdade entre negros e
brancos no que diz respeito à infra-estrutura
urbana. Ainda que este quadro tenha melhorado
para o conjunto do país ao longo da década,
as diferenças entre negros e brancos permanecem,
conforme pudemos ver anteriormente. Segundo
o IBGE (1999), 15,2% dos brancos vivem
em domicílios sem coleta de lixo, enquanto
30,3% dos negros encontram-se nesta situação.
Analisando este e outros indicadores habitacionais
numa série histórica (1992-1999),
Henriques (2001:18), afirma que os dados indicam
“uma trajetória de aumento das diferenças
entre brancos e negros, sobretudo nos indicadores
de acesso à coleta de lixo, escoamento sanitário,
acesso à energia elétrica e abastecimento
de água”.
Baseados nesses e em outros dados, os pesquisadores
Wânia Sant’Anna & Marcelo Paixão
(1997), utilizaram o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), usado pelo Programa das Na-
ções Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
para calcular a qualidade de vida relativa da
população afro-brasileira (pretos e pardos). O
IDH do conjunto da população brasileira era
de 0,796 (para um máximo de 1,000). Para os
afro-brasileiros, o IDH era 0,573.
“O IDH para os afro-brasileiros é pior do que
o dos países latino-americanos, exceto Nicará-
gua, que vem logo atrás com 0,568. (...) Uma
triste situação para o paraíso da democracia racial...”
(Sant’Anna & Paixão, 1997:33).
Acesso à educação
O acesso à educação é geralmente apresentado
pelos estudiosos como um dos principais fatores
associados ao alcance de melhores oportunidades
no mercado de trabalho e, conseqüentemente,
um melhor rendimento. Para um grande
contingente da população, o aumento da
escolaridade é visto como o principal caminho
de mobilidade social ascendente dos indiví-
duos. Diante deste quadro, ganha ainda mais
importância a análise das oportunidades educacionais
de brancos e negros no Brasil, e, principalmente,
sobre a relação entre este desempenho
e a alocação dos dois grupos no mercado
de trabalho, como veremos mais adiante.
Uma primeira constatação é a baixa escolaridade
da população brasileira como um todo,
já que a média do país é de apenas 5,7 anos de
estudo. Supondo que não haja repetência, isto
equivaleria apenas à conclusão da 5a série do
ensino básico. Um outro aspecto a se levar em
conta é a diferença em termos de anos de estudo
entre negros e brancos. Estes últimos possuem
em média dois anos de estudo a mais do
que os negros.
A Tabela 3 demonstra não a média, mas os
anos de estudo efetivamente cursados pelas
pessoas de 15 anos ou mais. Em primeiro lugar,
se comparamos a situação de 1988 e 1996 verificamos
que houve um aumento da escolaridade
dos brasileiros no período. Entretanto, esta
ampliação do acesso à escola não se traduziu
numa diminuição das desigualdades raciais, já
que a proporção de negros entre as pessoas
com 12 anos ou mais de estudo (equivalente
aos que concluíram o ensino médio e possuem
curso superior) é de apenas 2,8%, quase quatro
vezes menos do que os brancos na mesma faixa
(10,9%). Por outro lado, a proporção de negros
entre aqueles sem instrução ou com menos de
um ano de estudo continua em 1996 a ser mais
do dobro da proporção de brancos nesta faixa.
A permanência deste padrão de desigualdade
educacional entre negros e brancos encontra-se
igualmente explicitada no trabalho
realizado por Ricardo Henriques (2001:27), onde
ele demonstra que “um jovem branco de 25
anos tem, em média, mais 2,3 anos de estudo
que um jovem negro da mesma idade, e essa intensidade
da discriminação racial é a mesma
vivida pelos pais desses jovens – e a mesma observada
entre seus avós. (...) A escolaridade mé-
dia de ambas as raças cresce ao longo do século,
mas o padrão de discriminação racial, expresso
pelo diferencial nos anos de escolaridade entre
brancos e negros [2,3 anos em média], mantémse
absolutamente estável entre as gerações”.
DESIGUALDADES RACIAIS NO BRASIL 61
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
Este quadro geral da situação educacional
dos negros no Brasil, representa uma das principais
dificuldades a serem enfrentadas a fim
de gerar maior igualdade de oportunidades entre
brancos e negros no país. Atenta a este cenário,
a presidente do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais (INEP), ligado
ao Ministério da Educação, afirmou em artigo
recente que a população negra continua apresentando
um nível de escolaridade mais baixo.
Esta é uma das prioridades para uma política
de eqüidade e integração socioeconômicas que
requer uma ação mais afirmativa do poder pú-
blico e da sociedade (Castro, 1998).
Mercado de trabalho
e distribuição de renda
“Mais de um século depois da abolição da escravidão,
o trabalho manual continua a ser o lugar
reservado para os afro-brasileiros. Em oposição
ao que afirmaram as teorias sobre moderniza-
ção, a estrutura de transição fornecida pelo rá-
pido crescimento econômico nas últimas décadas
não parece ter contribuído para diminuir
de maneira significativa a distância existente
entre os grupos raciais presentes na população”
(Hasenbalg, 1996:15).
Os negros brasileiros têm feito pouco progresso
na conquista de profissões de maior prestígio
social, no estabelecimento de seus pró-
prios negócios e na ocupação de posições de
poder político. Eles ainda concentram-se em
atividades manuais que exigem pouca qualificação
e escolaridade formal. As desvantagens
acumuladas através da história brasileira tornaram
o sucesso difícil para a população afrobrasileira
(Lima, 1999).
Tabela 1
Distribuição da população por cor ou raça*, 1999.
%
Branca Preta Parda Amarela e
indígena**
Brasil 54,0 5,4 39,9 0,6
Região Norte urbana*** 28,4 2,3 68,3 1,0
Região Nordeste 29,7 5,6 64,5 0,2
Região Sudeste 64,0 6,7 28,4 0,8
Região Sul 83,6 3,0 12,6 0,7
Região Centro-Oeste 46,2 3,5 49,4 0,8
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2000).
* exclusive as pessoas que não declararam sua cor.
** o dado disponível na Síntese de Indicadores Sociais não desagregou
estas duas categorias (nota da autora).
*** exclusive a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas,
Roraima, Pará e Amapá.
Tabela 2
Domicílios por condição de saneamento segundo a cor do chefe, 1999.
%
Água canalizada e rede Esgoto e fossa séptica
geral de distribuição
Branca Preta e parda Branca Preta e parda
Brasil 82,8 67,2 62,7 39,6
Região Norte urbana* 68,6 57,5 19,2 12,7
Região Nordeste 66,7 55,1 28,7 19,8
Região Sudeste 90,0 82,5 83,9 71,0
Região Sul 79,8 77,3 46,4 34,0
Região Centro-Oeste 75,2 66,4 38,7 31,3
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2000).
* exclusive a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas,
Roraima, Pará e Amapá.
Tabela 3
Anos de estudo por cor, com 15 anos de idade e mais. Brasil, 1988 e 1996.
Anos de estudos 1988 1996
Cor Total Cor Total
Brancos Pretos Pardos Brancos Pretos Pardos
Sem instrução/ 17,9 34,5 34,2 24,9 11,8 26,2 23,4 16,7
Menos de 1 ano
1-3 anos 22,3 26,9 27,0 24,3 13,3 18,5 19,5 15,9
4-8 anos 40,0 31,4 29,8 35,5 43,8 41,3 40,7 42,4
9-11 anos 12,6 5,9 7,3 10,3 20,3 11,2 13,3 17,2
12 anos e + 7,3 1,2 1,6 4,9 10,9 2,4 2,8 7,5
Sem declaração – – – – 0,3 0,3 0,3 0,3
Fonte: Hasenbalg & Silva (1999).
62 HERINGER, R.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
Informações recentes, obtidas a partir de
pesquisa específica realizada em seis regiões
metropolitanas do país, indicam que a desigualdade
racial está presente nos mais variados
indicadores associados ao desempenho de
brancos e negros no mercado de trabalho. Na
Região Metropolitana de São Paulo, a maior cidade
brasileira, a taxa de desemprego entre os
homens negros é de 20,9%, enquanto esta taxa
é de 13,8% entre os brancos (INSPIR/DIEESE/
AFL-CIO, 1999). O valor do salário médio diário
de negros e brancos também revela grandes disparidades.
Em São Paulo, os negros ganham em
média R$2,94 por dia, enquanto os brancos recebem
R$5,50 (INSPIR/DIEESE/AFL-CIO, 1999).
Como afirma o relatório sobre desigualdades
raciais no mercado de trabalho, “é preciso
que o Estado invista em políticas públicas e implemente
de fato a Convenção 111 da OIT, invertendo
a lógica da estrutura de oportunidades,
que está profundamente marcada por prá-
ticas violadoras de direitos e de discriminações
baseadas na raça e no sexo” (INSPIR/DIEESE/
AFL-CIO, 1999:8). A pesquisa revela que apenas
1,9% dos negros ocupados em São Paulo
são empregadores, em comparação aos 7,2% de
brancos nesta posição, enquanto mais da metade
das mulheres negras (56,3%) estão ocupadas
como domésticas ou mensalistas (INSPIR/
DIEESE/AFL-CIO, 1999).
O quadro de desigualdade entre negros e
brancos está relacionado tanto a fatores estruturais
quanto à discriminação. Entre os fatores
estruturais, sem dúvida o mais significativo é o
componente educacional. Ao se situarem nos
grupos com menor acesso à educação formal,
os negros também ocupam postos de menor
prestígio no mercado de trabalho. A Tabela 4
demonstra que, enquanto 32,8% dos brancos
ocupados na Região Metropolitana de São Paulo
possuem grau de escolaridade até o 1o grau
incompleto (ensino fundamental), cerca de
54% dos negros estão nesta posição. A situação
se inverte quando analisamos a faixa equivalente
ao ensino médio e ao ensino superior.
Neste último grupo a proporção de brancos
equivale a quase cinco vezes a dos negros.
No que diz respeito ao rendimento, negros
e brancos também possuem situações desiguais.
Ainda no caso da Região Metropolitana
de São Paulo, apenas 5,3% dos negros ocupados
recebem mais de 10 salários mínimos.
Esse fato poderia ser interpretado – e em
muitos casos o é – como decorrente somente
do menor grau de instrução dos negros. Entretanto,
mesmo quando se encontram em iguais
condições de escolaridade, negros e brancos
possuem rendimentos diferenciados. Essa situação
se agrava principalmente nos grupos
com grau de instrução mais elevado. Tal fato
pode ser atribuído à ausência, entre os negros,
de redes pessoais que permitam maior acesso
a melhores oportunidades de emprego. Também
pode ser atribuído à sub-remuneração e à
sub-utilização de mão-de-obra negra qualificada,
decorrente da discriminação racial.
Este quadro apresentado para a Região Metropolitana
de São Paulo não se constitui num
caso isolado. Ao contrário, reproduz-se em todo
o país, provavelmente de formas mais acentuadas
em regiões com menor circulação de riqueza
e atividade econômica menos dinâmica.
O perfil de distribuição de renda aqui apresentado
é consistente com a composição racial
da pobreza, tal como apresentada por Henriques
(2001). O autor aponta que, em 1999, os
negros constituíam 45% da população e totalizavam
64% dos pobres (e 69% dos indigentes).
Inversamente, os brancos eram 54% da popula-
ção, e totalizavam apenas 36% dos pobres e
31% dos indigentes.
Estratégias de combate às
desigualdades raciais no Brasil
Políticas públicas de combate
às desigualdades raciais
Como resultado das constantes reivindicações
do Movimento Negro, o governo brasileiro tem
se mostrado mais sensível à questão da discriminação
racial no país. No conteúdo do Décimo
Relatório Relativo à Convenção Internacional
sobre a Eliminação do Todas as Formas de
Discriminação Racial (MJ/MRE, 1996), enviado
pelo governo brasileiro às Nações Unidas, reconhece-se
a existência de práticas discriminatórias
que repercutem em todas as instâncias
sociais, incluindo-se aí desde relações interpessoais
até indicadores de qualidade de vida
da população. Apesar do racismo ser definido
como crime (Lei n. 7.716 de 5 de janeiro de
1989), persiste uma relação causal entre cor e
desigualdades.
No âmbito governamental, porém, as iniciativas
de combate às desigualdades raciais
ainda têm um alcance limitado e podem ser
mais facilmente identificadas nos documentos
e recomendações do que por meio de ações prá-
ticas. O Programa Nacional de Direitos Humanos
(MJ, 1998), por exemplo, dedica uma seção
inteira à apresentação de propostas relacionadas
ao tema das desigualdades raciais, resultantes
em grande medida dos trabalhos do GTI
(Grupo de Trabalho Interministerial para Valo-
DESIGUALDADES RACIAIS NO BRASIL 63
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
rização da População Negra), criado após a mobilização
das organizações do movimento negro
por ocasião da celebração dos 300 anos de
Zumbi dos Palmares, em 1995.
Em julho de 1996, o governo federal organizou
a conferência Multiculturalismo e Racismo:
O Papel da Ação Afirmativa nos Estados
Democráticos Contemporâneos (Grin, 2001).
Em seu discurso de abertura, o Presidente Fernando
Henrique Cardoso declarou: “Devemos,
pois, buscar soluções que não sejam pura e simplesmente
a repetição ou a cópia de outras solu-
ções imaginadas para situações em que também
há discriminação e o preconceito, mas em contexto
diferente do nosso. É melhor, portanto, buscarmos
uma solução mais imaginativa” (Souza,
1997:15).
Após a conferência, começaram os trabalhos
do GTI, seguindo as recomendações levantadas
durante o encontro. Várias medidas
propostas envolviam algum tipo de programa
de ação afirmativa, que deveria ser desenhado
para promover o acesso de mais negros a empregos
e educação.
O documento Construindo a Democracia
Racial (Presidência da República, 1998:39),
apresenta os “planos de ação que estão sendo
ou serão desenvolvidos” em termos de políticas
públicas. Este documento, juntamente com o
Plano Nacional de Direitos Humanos, expressa
as diretrizes governamentais para o combate
às desigualdades raciais no Brasil.
De maneira geral, acreditamos que o Estado
brasileiro, nas suas diversas instâncias, ainda
não demonstrou o comprometimento necessário
com a diminuição das desigualdades
raciais. Mesmo nos programas que já vêm sendo
implementados, é possível identificar a insuficiência
de recursos materiais e humanos
que garantam o bom andamento dos mesmos.
Constata-se, também, a descontinuidade de
programas e a falta de sensibilidade de muitos
técnicos e funcionários para incorporar o combate
às desigualdades e à discriminação racial
no seu cotidiano de trabalho.
A sociedade civil e o combate
às desigualdades raciais
Assistimos ao longo dos últimos anos a proliferação
de variadas iniciativas relacionadas ao
enfrentamento das desigualdades raciais no
Brasil. Muitas delas nem sempre utilizam esta
terminologia, mas colocam entre seus objetivos
a promoção da população afro-brasileira. É difícil
enquadrá-las em uma única classificação,
dada a diversidade de atividades desenvolvidas.
Na tentativa de agrupá-las, podemos destacar
os seguintes tipos de organizações: atividades
comunitárias, geralmente em favelas ou
bairros de periferia, destinadas à promoção social
de crianças e jovens, por meio de reforço
escolar, de atividades profissionalizantes e de
educação voltadas para o exercício da cidadania;
atividades de apoio e estímulo a microempresários
afro-brasileiros: esta atividade envolve
treinamento em conhecimentos ligados à
administração empresarial e qualificação profissional;
estímulo e ampliação do acesso de
afro-brasileiros ao ensino superior: esta atividade
se dá principalmente servindo-se da organização
de cursos preparatórios (pré-vestibular)
para o exame de admissão às universidades
brasileiras (Maggie, 2001).
Estas são, entre outras, algumas das iniciativas
que ilustram a existência de uma mobiliTabela
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Distribuição dos ocupados por nível de instrução segundo raça e sexo. Região Metropolitana de São Paulo, 1998.
Nível de instrução Raça Total
Negra1 Não-negra1
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
Analfabeto 5,9 6,0 6,0 2,8 2,5 2,7 3,7 3,6 3,7
1o Grau incompleto 56,7 50,4 54,0 35,4 29,0 32,8 41,8 35,8 39,3
1o Grau completo 13,6 12,8 13,3 12,5 10,4 11,7 12,9 11,2 12,2
2o Grau incompleto 7,1 7,5 7,3 7,4 7,2 7,3 7,3 7,3 7,3
2o Grau completo 12,2 16,6 14,1 19,4 23,5 21,1 17,2 21,3 18,9
3o Grau 4,4 6,5 5,3 22,5 27,4 24,5 17,1 20,7 18,6
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
1 Raça negra = pretos e pardos; raça não-negra = brancos e amarelos.
Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego – Região Metropolitana de São Paulo (Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Sócio-Econômicos/Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) .
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Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
zação de diferentes setores da sociedade no
sentido da adoção de políticas de promoção da
igualdade.
O Brasil passou por um grande processo de
mudanças ao longo dos últimos anos, no que
diz respeito às relações raciais. A percepção do
país como uma democracia racial é cada vez
menos consensual, e hoje diferentes setores da
sociedade têm sua agenda política marcada
pelo debate sobre o racismo como elemento
constitutivo de nossa sociedade. Embora ainda
esteja também presente a auto-imagem do
Brasil como um país homogêneo e indiferenciado,
encontra-se progressivamente maior
abertura a experiências que procuram beneficiar
grupos específicos, historicamente com
menor acesso a oportunidades. Isso já é uma
realidade no que diz respeito a grupos minoritários
tais como os portadores de deficiência,
idosos, homossexuais, portadores de vírus HIV,
e também com relação às mulheres, que ao longo
da última década foram capazes de garantir
maior acesso a espaços de poder e melhores
posições no mercado de trabalho. O quadro
ainda não está equilibrado, mas é possível observar
um avanço em relação à preocupação
em torná-lo mais justo. No que diz respeito às
desigualdades advindas das diferenças étnicas
e raciais, o quadro apresenta-se mais tímido,
porém já podem ser detectadas transforma-
ções no que diz respeito a uma maior freqüência
e aceitação de programas que procurem
atuar neste campo.
Apesar destas e de outras iniciativas, é difí-
cil afirmar que a sociedade brasileira possui
um compromisso com a diminuição das desigualdades
raciais. A maioria das pessoas simplesmente
se recusa a levar raça em conta,
quando são consideradas as causas da pobreza
e da falta de oportunidades. Entretanto, existe
a percepção de que a maioria dos pretos e pardos
são pobres, e de que a maioria dos pobres
são pretos e pardos. Essa percepção pode transformar-se
em um ponto de partida para sugerir
a adoção de medidas específicas a alguns grupos.
O debate sobre ação afirmativa no Brasil é
bastante recente, datando dos últimos cinco
anos (Heringer, 1995). De uma maneira geral, o
movimento negro brasileiro tem sido o responsável
pela introdução desse tema no debate
público do país. Freqüentemente o assunto é
alvo de muitas críticas e resistências à sua incorporação.
As críticas mais comuns destacam
que políticas específicas trariam conflito e divisionismo
a um país onde as relações raciais
seriam harmônicas. As críticas relacionam-se
também à inadequação de políticas deste tipo,
uma vez que a situação desvantajosa da população
negra estaria associada ao seu baixo grau
de escolaridade. Portanto, uma melhoria geral
das políticas educacionais traria os benefícios
esperados à população afro-brasileira.
Em pouco mais de dois anos, o quadro passou
por grandes transformações. O assunto ganhou
importância no debate político no Brasil,
especialmente em 2001, devido ao processo
preparatório da Conferencia Mundial contra o
Racismo (CMR). Além da mobilização do movimento
negro, um aspecto importante desse
processo foi o posicionamento público de alguns
representantes do governo, especialmente
do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, vinculado ao Ministério do Planejamento).
O IPEA divulgou indicadores que revelaram
a dimensão das desigualdades raciais no
Brasil (Henriques, 2001). Não se tratava mais
de um pequeno grupo de ativistas denunciando
a histórica desigualdade de oportunidades
entre brancos e negros: o Estado brasileiro
adotou um discurso anti-racista, trazendo o tema
para o centro da agenda política.
O debate público intensificou-se durante a
CMR, quando foi divulgado o relatório oficial
do governo brasileiro, incluindo a recomenda-
ção da adoção de cotas para estudantes negros
nas universidades públicas.
Durante os últimos meses de 2001 e o primeiro
semestre de 2002, ainda sob o “calor” dos
resultados da conferência de Durban, outros
setores do governo federal, alguns governos estaduais
e municipais lançaram publicamente
programas e ou projetos de lei especificamente
destinados a beneficiar os afro-brasileiros.
Um dos principais fatores que influenciarão
o sucesso de nossos programas de ação afirmativa,
é sem dúvida, a existência de um consenso
cada vez maior sobre a necessidade de
políticas deste tipo. O compromisso da sociedade
(brancos e negros) com a execução destas
políticas será proporcional ao sucesso que as
mesmas possam vir a ter.
Ao adotar qualquer tipo de programa de
ação afirmativa no Brasil, nós devemos evitar a
suspeita de padrões reduzidos ao empregar ou
selecionar, e buscar um forte apoio da opinião
pública. Este não poder ser visto apenas como
um “tema negro”, mas um meio de se buscar
uma sociedade mais justa e igualitária.
DESIGUALDADES RACIAIS NO BRASIL 65
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18(Suplemento):57-65, 2002
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Recebido em 24 de abril de 2002
Versão final reapresentada em 10 de outubro de 2002
Aprovado em 30 de outubro de 2002
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